quarta-feira, 5 de maio de 2010

A nitidez é inatingível.

Somos todos cegos em eterno desacordo sobre o tom de um amarelo qualquer.
Sou quase patologicamente curiosa.
Meu importar não é nobre.

(Será que um dia o "nobre" vai ser condizente com uma coerência egoísta?)
De tanto pensar, fiquei muda.

O que concluir quando tudo que ouço é barulho?

Deveria eu ter voz?
1)Hoje, no meio da rua, ouvindo Frank Sinatra, eu percebi: "...You are all I long for, all I worship and adore..." E estava feito o "estrago".

[Algum tempo atrás, li "O Segundo Sexo", da Simone de Beauvoir e fiquei aterrorizada por ter permanecido cega, anteriormente, a todas as representações do meu sexo que, de uma ou outra forma, me distorciam. Pois bem, com o "óculos" da Simone, comecei a enxergar em papéis de parede, cortes de cabelo, roteiros de cinema e letras de música essas tais imagens representativas; entre elas, a que revela a mulher como um ser místico e, em última instância, de uma alteridade inexorável. Eu não queria ninguém me "venerando e adorando", como cantava Sinatra a alguém. Eu queria ser igual a qualquer coisa humana, real e defeituosa.]

2)A cena agora, depois de dois segundos: fones de ouvido retirados e música ainda tocando.

[Será que existe uma realidade onde nós ganhamos a Consciência e a Responsabilidade vem como brinde, um tipo de brinde magnetizado e irresistivelmente atraente?]

3)O que você acha que eu fiz?

[Mas não se esqueça: estamos falando de "Fly Me To The Moon".]