quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jeff Buckley às 5 h da manhã

Qualquer coisa com gemidos e uivos e gritos e choros - esse cara sabe mesmo como me calar. Não tenho sono, só tédio - o que faz com que meus olhos fiquem assim, semicerrados.
Estou fedendo. Acho que ovulando - aí fica pior. Sinto-me coberta de mel e imagino os outros como enormes ursos gulosos. Na minha estupidez, sinto vergonha.
Escrevo para você. Escrevo para você. Você. Você que está em uma situação ainda mais deplorável que a minha - mesmo que esteja no seu melhor traje, com seu melhor perfume, na sua melhor fase, com sua maior conta bancária dos últimos anos e a mais maravilhosa pessoa ao seu lado - porque a grande diferença, a gritante diferença entre mim e ti é a minha consciência; a consciência da estupidez e do ridículo, do findável, do cíclico e do repetitivo de tudo que existe nesse mundo - incluindo sua conta bancária,seus trajes, seus perfume e sua pessoa maravilhosa. É, aposto que ninguém lamentaria não ter essa merda de noção de eterno dájà vu. Realmente, a banalidade é a Náusea pra mim. Mas, ei, você sabe disso, não sabe? Claro que você sabe. E a verdade é que eu e você somos exatamente iguais; porque eu e você acordamos todos os dias, mesmo que no dia anterior tenhamos sofrido a pior tragédia de nossas vidas, e porque engatamos romances sem amor e porque pintamos a casa de verde e porque vamos a psiquiatras, e porque mudamos de bairro, de cidade, de estado, de país... Enfim, porque tentamos.
Agora resta a pergunta: quem é mais ridículo, o pedreiro compenetrado que constrói um muro sabendo que no outro dia ele será derrubado, ou o seu companheiro sentado à beira da calçada com a sensação de que não deve, não precisa fazer nada?
É, precisamos de direção, amigos. Mesmo que seja a errada.

Ontem eu fui feliz

Acordei essa manhã muito cedo, como se tivesse algum compromisso or something - hoje tive tempo pra meditação matinal (a única válida). Ei-la:
É domingo. Domingo é o dia em que ocorrem mais suicídios no mundo todo - lá pelas 17 h, 18 h - quando as pessoas estão sozinhas e, subitamente, tornam-se niilistas (não tenho medo disso;não).
Não 'estou niilista'. Estou um monte. Um monte de coisa nenhuma, que fica no estômago e faz enjoar (aquela 'Náusea'?).
Qualquer coisa me salva hoje. Não tenho escudos nem armas, só essa cara-de-coisa-nenhuma.
Acho que usar uma máscara é o melhor que posso fazer nessa circunstância.
Vou usar a máscara de ontem - ontem eu fui feliz; Sem causa nenhuma, a não ser a biológica/química/física - a incontrolável.
Mas hoje eu decidi: não viverei as surpresas de hoje; Viverei a felicidade, a estupidez... De ontem.

Unhas Vermelhas

Estragadas, quebradas, concretas, perfeitas. A apresentação da unha vermelha pode oscilar infinitamente, mas ela sempre carrega consigo qualquer coisa muito mística – um misto de pavor e luxúria (será assim com toda superfície?); o poder da cor é notório.
O agente – o corajoso e talvez alienado agente – reproduz em sua face, durante o ultraje, um olhar obstinado, vencedor, hipnotizado. Essa manhã cometi esse ultraje.
Recebi de meus espectadores do cotidiano olhares que variavam do desprezo à fascinação. Senti fortemente a notabilidade absurda - sabia da aparente gratuidade de minha ação. Engraçado perceber como, às vezes, o absurdo é irrelevante, não?
De fato, uma alegria silenciosa tomou conta de mim, pois sabia que estava angariando a simpatia de muitos, sem precisar cativar ninguém através das palavras - o que é sempre muito desgastante.
Para você, então, que, como eu, acorda de vez em quando com uma ignominiosa preguiça mental, saiba que a superfície pode sempre oferecer uma salvação.
O leitor pode argumentar, entretanto, “e nas outras vezes? Naquelas em que sou tão denso que estou fadado a afundar nas profundezas – nessas vezes, o que farei?” Eu só saberia retrucar com uma única frase: você sempre achará companhia, portanto sempre haverá a contingência do amor e esse, amigo, não é nada superficial.
Um viva, portanto, ao amor, às unhas vermelhas (que tanto combinam com esse sentimento), à tristeza e ao clareamento dental – um viva à indispensabilidade de cada um.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Scenic World" - Beirut

"The lights go on
The lights go off
When things don't feel right
I lie down like a tired dog
Licking his wounds in the shade

When i feel alive
I try to immagine a careless life
A scenic world where the sunsets are all
breathtaking"




- Olhos marejados.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Você é dispensável. Sua loucura sutil é a mais agressiva de todas. Suas palavras são dissimuladas e suas ações não passam de coreografias sem sincronia com o musical da sua vida.
O desespero e o medo estão estampados no seu rosto, na sua voz, nas suas incoerências.
O desejo da conquista e da admiração são os vermes da maçã podre que é você.

...

Espero mesmo que venha a reconhecer-me como a única perfeita do Universo. Amém.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

I don't feel like writing.

But I'll write something anyway.

Começando por você. Você que não sabe o quanto é importante, porque eu não te falo. Ou talvez porque você simplesmente não consiga acreditar...em ninguém.

O pior de tudo é que vemos espelhos por toda parte... Mas alguns são mais nítidos que outros. Você é um espelho nítido demais.

O que a gente causa um no outro? Até quando sobreviveremos para falar em alto e bom som o que queremos?

Nós não somos simplesmente complicados demais?
DESNECESSARIAMENTE complicados.

I wish we were cats. Nossa vida seria apenas lamber e morder um ao outro o dia inteiro e, eventualmente, cair da sacada.
:)

Inspiradíssima.

Pegue aquele telefone, pois, e bata-o em sua cabeça ininterruptamente (ou até que perca a consciência).

Moralmente atingida.

Muito. Muito mesmo. Sinto-me como a camada de ozônio em relação a seu buraco. Qualquer coisa ultrajante.
Haha.
I'm so full of shit.
Maaaaaaaaas o fato é que toda minha moral teórica restante tem-se feito caco nos últimos dias. Pensando bem, caco não, porque daí ela teria algum poder de causar sofrimento, dor. Pó fica melhor (e assim ela ainda é cheirável, podendo dar algum barato!).
;]